segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O importante papel do auditor e do atuário na sociedade

A nova economia ancorada nos paradigmas atuais passou ao longo dos últimos anos por profundas modificações no âmbito social, econômico, comportamental e tecnológico, apenas para citar alguns. Não se pode negar o impacto que o processo de globalização causou sobre ás diversas atividades de serviço. A atividade contábil, atuarial e tantas outras não ficaram imunes sob esse contexto.
Certa ocasião eu fui questionado sobre minha posição quando se discutiu a obrigatoriedade das firmas de auditoria estar impedidas de dividir a opinião nos pareceres de auditoria que emitem, quanto às questões de natureza atuarial. Uma parte dos profissionais que eram contrários a norma apelaram questionando a eficiência e o papel das empresas de auditoria diante das situações que envolviam escândalos financeiros e quebra de empresas. Como se fossem culpadas por não ter impedido tal fato.  A outra parte argumentava que os contadores não poderiam realizar tal tarefa, em vista da falta de preparo para tal missão. Aqui existe um grande equívoco. Não é o contador que audita o trabalho do atuário, como não é verdade que o atuário escreve o parecer contábil.
Na ocasião eu trabalhava em uma grande empresa de auditoria e não me fiz de rogado na defesa imperativa do papel que me cabia. Parti na defesa de meus colegas auditores. Fiz por duas razões; (a) sempre tive o hábito de defender o que acredito e, (b) às críticas não eram bem fundamentadas.
Toda atividade de serviço tem obrigação de se atualizar nas mais variadas formas de modo a cumprir seu papel, sob pena de ser corroída pelo célere processo de desenvolvimento dos negócios e acabar por ser incapaz de acompanhar e traduzir as mudanças freqüentes no ambiente empresarial em que políticas arrojadas adotadas por executivos, acompanhadas por práticas lesivas aos interesses de uma corporação venham contrariar os princípios da ética e dos valores fundamentais levando tudo a perder. Daí a razão de acreditar que toda a atividade de serviço deve buscar práticas comprometidas com o aperfeiçoamento da sua atividade e em perfeita sintonia com o complexo e ágil ambiente corporativo em que todos nós estamos irremediavelmente inseridos, caso contrário o caos se instala.
Por acreditar que é imperativo nosso papel para a sociedade incentivo a necessidade de reformularmos juntos determinados conceitos básicos relacionados à postura profissional. A contabilidade em sua essência pura deve ser capaz de traduzir o que ocorre nas corporações até mesmo nas mais complexas, e, portanto deve buscar formas de tornar os relatórios financeiros mais transparentes e inteligíveis como forma de traduzir o que ocorre nas organizações.
A atuária de forma análoga deve permanente ampliar a capacidade de contribuir mais ativamente no processo de disseminação do conhecimento nas áreas tradicionais de atuação, bem como em outros setores da economia em que sua participação só pode acrescentar mais valor, assumindo para si um papel mais estratégico no processo decisório dentro das organizações.
 Se não participarmos ativamente deste processo com empenho toda a sociedade perde, pois a possibilidade de aumentar o número de maus exemplos levando aos escândalos financeiros, à quebra de empresas, perda de postos de trabalho corremos o risco de assistir tais fatos com freqüência cada vez maior. Não se iludam.
Os órgãos regulatórios, também têm uma importância fundamental dentro do processo. Neste sentido devemos exaltar os esforços realizados no sentido de exigir do mercado práticas mais eficientes de boa governança corporativa a despeito da falta de compreensão e resistência que muitas vezes testemunhamos, quanto às medidas impostas.
Aproxima-se o fim de mais um ano fiscal. As oportunidades para uma atuação mais eficiente e proativa entre auditores e atuários são excelentes. A PREVIC (Pension Fund Regulatory Body), CVN (Brazil SEC), SUSEP(Insurance Regulatoy Body), BACEN(Central Bank), entre outros propiciaram reais oportunidades para isso se tornar uma realidade. O Brasil, definitivamente está comprometido com os melhores princípios internacionais de boa prática. Eu não tenho dúvidas disso. Entendo que temos uma excelente oportunidade de modo a auferir a credibilidade necessária às nossas atividades. O adiamento do alinhamento ao IFRS para 2011 como defendem alguns setores do meio empresarial seria um retrocesso. Urge a manutenção da exigência do alinhamento para 2010 em vista do adiamento ocorrido em 2009 e para benefício dos usuários, interessados, e em última instância, a sociedade brasileira.

Marco Pontes é diretor da LG&P Advisory Services, membro do IBA e da Academia Nacional de Seguros e Previdência. Email:marco.pontes@lgpconsulting.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário