segunda-feira, 4 de abril de 2011

A regulação gera oportunidades para o mercado, as empresas e os profissionais

Provavelmente vocês já tiveram em muitas ocasiões a oportunidade de entrar em um ambiente e reparar em algo que não faz lá muito sentido. Sensação semelhante eu tenho quando deparo com afirmação de líderes de organizações cujo fim é desenvolver atividade de consultoria para o mercado. Recentemente deparei com mais uma delas em uma matéria do Valor Econômico.
Eu posso entender a reação das empresas quando tem que desenvolver esforços no sentido de atender uma regulação emanada por um órgão de supervisão. Em algumas ocasiões, o órgão regulador demonstra desconhecimento da demanda operacional que uma determinada norma traz e não avalia a relação custo/benefício ou sua eficácia, porém na grande maioria das ocasiões às iniciativas dos órgãos de supervisão tem muito sentido e bom senso. O mercado é e sempre será reativo. Vou um pouco mais longe ao afirmar que senão fossem as iniciativas dos órgãos reguladores as coisas não teriam avançado tanto e o consumidor estaria menos protegido.
Não há como negar que é preciso caminhar no sentido de oferecer mais proteção aos mercados, especialmente, aqueles que possuem uma função social e econômica elevada como é o caso do mercado segurador. Não há como fugir ou evitar uma gestão de risco mais eficiente. O mercado é cada vez mais volátil. A globalização do risco, as sucessivas crises financeiras e o aumento das catástrofes são uma realidade.
A matéria, em questão que motivou escrever esta nota foi postada no Financial Time na semana passada com o seguinte título “Regras de Capital custam caro para as Seguradoras”. A referência da crítica é a norma de Solvência II que será implantada até dezembro de 2013. Na ocasião, o diretor da empresa de consultoria destacou os investimentos que as seguradoras terão que fazer, alegando que eventualmente a medida não seria eficaz.
A afirmação do diretor da prestigiosa empresa não procede. Não existe custo maior do que a quebra de uma sociedade seguradora que pode levar ao desamparo milhares de famílias. Relembro que por ocasião da crise americana do sub prime em 2008, o governo americano acudiu a AIG. Por que houve tanto esforço do governo americano em evitar a quebra da empresa? Se a AIG quebrasse, a crise americana teria maiores conseqüências, pois dois em cada cinco aposentados naquele país recebem os benefícios de aposentadoria por aquela instituição.
Provavelmente, o diretor que criticou as regras de Solvência II deve estar bastante atribulado com afazeres diversos que roubam seu tempo para pensar. Se eu fosse membro de sua equipe, muito provavelmente me sentiria desestimulado com a afirmação que fez. Se eu fosse o seu superior o chamaria para uma conversa particular.
A maioria das iniciativas dos órgãos supervisores são geradores de oportunidade e graças a elas, o mercado procura por nós, consultores para prover soluções, ajudando-os a superar demandas e/ou obrigações para o melhor desempenho de suas atividades. Solvência II é uma realidade. Quanto aos problemas mencionados na matéria, se de fato tivesse o espírito de um consultor perceberia que existem soluções compensadoras para as empresas contornar os desafios que Solvência II traz.
Solvência II é polêmica? Sem dúvidas que é. Existem distorções. Sim, existem. Por outro lado oferece uma série de oportunidades para as empresas seguradoras que tiverem a iniciativa de trabalhar os riscos preconizados no documento proposto pelo comitê de Solvência, além de vantagens competitivas em relação à concorrência.
Fica minha sugestão para o executivo delegar um pouco mais suas tarefas de modo que sobre tempo para pensar em providenciar soluções para seus clientes que precisarão de assistência por ocasião da implantação dos modelos de riscos preconizados em Solvência II. Assim, talvez lhe sobre mais tempo para pensar em soluções para seus clientes e aumentar a receita do grupo que faz parte.

Marco Pontes. É diretor da LG&P Advisory Services. Membro do IBA e da Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP. Email: marco.pontes@lgpconsulting.com.br , blog: www.marcoponteslgpconsulting.blogspot.com, Twitter: @MarcodePontes, Skype:Marco.Antonio.Pontes

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