quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Programa educativo contra a fraude. Por que não?

Quando eu trabalhava em empresas de auditoria era questionado com certa freqüência sobre sua eficiência, especialmente nos momentos em que a imprensa noticiava algum escândalo envolvendo um grande grupo empresarial. Naturalmente, eu acredito na importância que tais empresas desempenham na sociedade sob uma forma de salvaguarda. Por outro lado reconheço que em situações pontuais, quando um administrador ou grupo de administradores tem a intenção de lesar a organização é possível o dolo acontecer, especialmente nos tempos atuais, pois à medida que a tecnologia evolui por meio de sofisticadas técnicas as organizações ficam mais expostas à fraude.
As estatísticas comprovam que conjugado ao avanço da tecnologia, eventuais crises econômicas aumentam a possibilidade da fraude se tornar mais freqüente. Em economias mais atentas aos prejuízos que a fraude traz existe um consenso de que a capacidade da empresa em lidar com tais situações enfraquece a medida que o binômio, tecnologia e ambiente econômico crítico atuam como vetores fomentadores de fraude.
No Brasil, especialmente apesar de reconhecer avanços no sentido de coibir tal prática, acredito que ainda estamos longe de estabelecer ações eficazes para evitar os prejuízos que elas trazem. Talvez minha convicção esteja associada à crença de que as empresas ainda agem de forma paternalista ao lidar com tais situações. Como agir nesses casos para evitá-la sob a perspectiva da empresa? A resposta a essa pergunta reside, basicamente no desenvolvimento de ações educativas preventivas. Uma alternativa eficaz são os denominados programas de conscientização junto aos empregados. Para que isso seja possível as organizações devem caminhar no sentido de estabelecer uma política clara sobre roubo e fraude e disseminá-la, tal qual um código de conduta, de modo que fique claro o que se espera do empregado e do que não é explicitamente tolerável. Uma política para tratar esse assunto é um bom começo. Portanto, se sua organização não possui um programa com esse propósito, talvez esteja na hora de pensar em desenvolver um.
Ninguém mais além do fraudador ganha com a fraude. As conseqüências da fraude são nefastas para uma organização e seus empregados. Implica em perda de tempo e custos financeiros para todos, pois pode impactar no resultado da empresa, reduzindo o lucro da organização, conseqüentemente a redução da participação nos lucros ou dos programas de benefícios, tais como o plano de aposentadoria, plano de saúde e tantos outros ou mesmo levar a uma situação mais crítica como à insolvência ou falência. Uma forma de viabilizar um programa dessa natureza é tratar o tema segundo uma abordagem holística dentro da organização com o envolvimento de todos no processo. Profissionais de segurança, advogados e empregados leais podem ser de importância fundamental dentro desse processo. Não existe processo mais eficiente do que educar os empregados contra essa praga que atinge as organizações. A participação de todos os funcionários dentro do processo pode ser um dos fatores de sucesso nessa empreitada. Se eles sentirem que fazem parte do programa, os objetivos serão mais fáceis de serem alcançados.
Palestras de profissionais especialistas em segurança contribuem como ação preventiva. Da mesma forma os programas que estabelecem linhas de comunicação direta para denúncia nos moldes do 0800, também podem contribuir. Os programas inibidores de fraude devem se considerados como uma alternativa viável para um combate mais eficiente aos desperdícios e malefícios que a fraude representa. Quanto mais claras estiverem às regras e conseqüências por infringi-las pode tornar o programa anti-fraude mais eficiente. O que sua empresa tem feito para evitar essa praga?
Marco Pontes é diretor da LG&P Consulting, membro do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA) e da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP).
Twitter: @MarcodePontes
Skype: Marco.Antonio.Pontes
Blog: www.marcoponteslgpconsulting.com.br

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