terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre erros e acertos na vida profissional

    
       Todos nós nos deparamos com momentos chaves na trajetória profissional que impõe decisões difíceis de fazer. A fronteira entre uma decisão acertada ou errada no âmbito profissional ou mesmo em qualquer esfera da vida é muito sutil.  Eu acredito que o sucesso na vida profissional se deve ao esforço pessoal, dedicação e disciplina para o estudo como a grande maioria das pessoas de sucesso.
       Contudo, em muitas ocasiões, o fator sorte é um forte aliado das grandes conquistas. Por outro lado, a sucessão de sucessos pode resultar em uma espécie de sentimento de onipotência. A onipotência que faço referência não tem nenhum propósito religioso, mas profissional. Sob esse contexto, representa o somatório de sucessivas vitórias ao longo da experiência de vida pessoal e profissional que está presente com freqüência naqueles profissionais que se destacam nas áreas de atuação que optou trabalhar. Ela compõe o perfil de executivos de sucesso.
       Todavia, a competência aliada à sorte pode resultar na onipotência. É um sentimento comum que se não for bem administrada pode se tornar tóxica. Ela gera uma espécie de sensação de que tudo sempre dará certo, isto é, um sentimento inabalável que independente das circunstâncias ou conjecturas, o profissional se sente imune aos fatores exógenos que possam de alguma forma se tornar um empecilho, quanto aos seus planos e estratégias.
       É comum entrar em cena, o otimismo exacerbado que pode com freqüência mascarar a realidade dos fatos que antecede uma decisão.
       O combustível natural que abastece o sentimento de onipotência é composto por uma variedade de insumos. Só para citar alguns: persistência, dedicação, obstinação, estudo, aprimoramento contínuo e, sobretudo, o otimismo, entre outros ao longo da jornada profissional. Inegavelmente, tais atributos são características essenciais para alcançar o sucesso. Por outro lado com o passar do tempo podem trazer junto, o orgulho e a vaidade que alimenta o ego. Administrar a onipotência, portanto não é uma tarefa tão simples como á princípio pode parecer.
        De certo modo somos constantemente alvo de observação, análise, avaliação e julgamento no ambiente que vivemos. No mundo corporativo não é diferente. Acrescente-se a isso que ele nada tem de ingênuo, especialmente em vista do ambiente corporativo se tornar cada vez mais competitivo. Dependendo da visão de mundo que possuímos, isto é, da experiência de vida pregressa com a qual lidamos com esses fatos somos mobilizados por uma razão ou outra a tomar decisões. 
        Quando uma decisão resulta em sucesso é fácil avaliar. Por conseguinte não temos o hábito de perder muito tempo diante dessas situações. Já lidar com o fracasso exige muito mais. Lidar com o fracasso é um desafio, pois tendemos adotar uma postura defensiva. Algumas das reações mais comuns são: insistir em não reconhecer o erro, pois isso, invariavelmente conduz ao agravamento da situação. Outro erro muito comum é crer que o mundo conspira contra você.  As pessoas têm suas prioridades e não podem ser responsabilizadas por eventuais fracassos de outrem ao lidar com uma decisão que se mostrou equivocada. Na maioria das vezes essa postura leva ao isolamento e ao agravamento da situação e, certamente não contribui em nada para solucionar o problema. Delegar o fracasso a fatores exógenos, ao imponderável ou ao azar é outro equívoco muito comum. 
        Eu poderia enumerar uma dezena de situações que pode levar um profissional de sucesso sucumbir diante das experiências negativas que uma determinada decisão trás, mas de nada adiantaria relacioná-las. São situações muito pessoais que servem de experiência de vida para um reposicionamento diante da carreira profissional.  
        Entretanto, deixar tais situações em branco pode fazer com que o profissional fique aprisionado em uma daquelas atitudes defensivas que fiz referência, e que não conduz a resultado algum. Quem passou por dificuldades, advindas de uma decisão profissional sabe que somente é possível realizar uma autocrítica isenta em um estágio mais adiantado das conseqüências de tal decisão. Só assim é possível ter lucidez.
        Se, eventualmente estiver vivendo uma dessas situações e não desejar ser o coveiro da própria cova ou tornar assento fixo na legião de pessimistas, cuja fileira aumenta, consideravelmente nessas situações críticas, a única resposta que tenho para compartilhar com vocês é. Não desistam. Por mais que a situação pareça sem saída, certamente sobram motivos para não sucumbir diante de um desafio dessa natureza, pois certamente, o momento contribuirá de forma inequívoca para o seu aprimoramento na condição humana e profissional, caso contrário, a derrota é inevitável.
       Normalmente, tais momentos são ricos em aprendizado. Algumas lições que podem ser aprendidas nessas situações.  Não somos tão humildes, quanto pensamos. Que somos mais orgulhosos que acreditávamos que fôssemos e, finalmente que muitas vezes é preciso ter mais cautela ao lidar com questões práticas.  Portanto, vale o alerta para quem é mais jovem e busca sucesso na sua carreira. Vibrem com suas vitórias, mantenham-se otimistas, mas fiquem atentos ao sentimento de onipotência que costuma acompanhar as conquistas ao longo da carreira profissional. Humildade, competência, estudo, dedicação, lealdade e ética sempre serão fundamentais em qualquer esfera da vida. Seja pessoal ou profissional.

Marco Pontes é diretor da LG&P Consulting, membro do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA) e da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP).
Twitter: @MarcodePontes
Skype: Marco.Antonio.Pontes

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