quarta-feira, 16 de março de 2011

O pesadelo japonês

           O Katrina em 2005 resultou em prejuízos da ordem de U$ 60 bilhões.  O atentado de 11 de setembro de 2011 em New York totalizou prejuízos de U$ 21 bilhões, valor semelhante ao Earthquake Hurrican, ocorrido em 1992. Ainda é prematuro avaliar os estragos da catástrofe ocorrida no Japão que ainda corre o risco de um desastre nuclear que poderá agravar o quadro funesto, engrossando o número de vítimas causadas por irradiação nuclear.
Entretanto tudo leva a crer que o montante de prejuízos resultante do terremoto, seguindo do tsunami de grandes proporções que abateu o Japão ultrapassará o valor desses três eventos juntos. A título de comparação, a catástrofe que ocorreu no Chile, recentemente gerou perdas de U$ 30 bilhões. A catástrofe japonesa ocorreu em um momento em que a economia japonesa não ia bem. Estimativas oficiais do governo japonês dão conta que o número de mortes pode passar de cinco mil pessoas e o número de desaparecidos ainda é alarmante.
Diversas fábricas tiveram a produção paralisada e o país luta contra o desabastecimento de alimentos e água potável, tornando a situação mais dramática. A bolsa de valores de Tóquio tem apresentado baixas sucessivas apontando que o impacto na economia japonesa será considerável, quando o tormento passar.    
            Diferente do que ocorre no Brasil, onde a população por diversos fatores não tem o hábito de fazer seguro ou acesso a produtos para proteção, a cultura japonesa é uma cultura que desde cedo incentiva o hábito de proteger à vida e o patrimônio. Ainda que sob a ótica do seguro seja comum às cláusulas das apólices de seguros preverem exclusões de coberturas no caso de seguros de bens patrimoniais por eventos associados a danos causados por eventos da natureza, tais como: terremotos, tsunamis ou de danos por vazamento nuclear não há dúvidas que as seguradoras terão pesadas perdas por conta das indenizações que terão que pagar para cobrir os prejuízos da catástrofe que se abateu sobre aquele país.
            Entretanto, às perdas oriundas de tais indenizações não se limitarão às seguradoras japonesas, mas também aos grupos resseguradores na Europa e nos Estados Unidos que certamente possuem cotas de participação elevada de risco. O “Day After” a catástrofe japonesa, as ações das bolsas de valores de grupos resseguradores apresentaram quedas no valor das ações. O preço das ações da Swiss Re teve queda de 4,08%, A Catlin Group caiu 3,46!% e a Hannover Re teve queda de 2,5%. Não tenho dados das seguradoras e resseguradoras instaladas no Japão, mas certamente às perdas foram mais significativas.
            O fato é que, ainda, demorará um pouco para o mundo ter um quadro mais claro dos prejuízos e das eventuais conseqüências em termos econômicos que a catástrofe japonesa produzirá.  

Marco Pontes é diretor da LG&P Advisory Services e membro do IBA e da Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP. Email: marco.pontes@lgpconsulting.com.br

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